sábado, maio 14, 2011

Recordar

Há uma magia na saudade. Com ela tudo parece um pouco melhor, não pela sua existência mas por trazer até nós momentos até então esquecidos ou híbridos na recordação. É nisto que provo a mim própria até que ponto somos uma fraca fortaleza que em nada é forte. A magia impressa na alma quando se recorda do riso que a fazia sentir-se viva, é como viver de novo tudo aquilo. Sente-se o momento que foi e não como o que, idealmente, teria sido. É aqui que se insere toda a beleza da vida: no facto de podermos voltar ao sítio onde fomos felizes. Ao momento em que criámos em nós um sentimento diferente dos anteriores. É o facto de podermos lembrar-nos sem nos iludirmos a seguir que tem beleza, porque sabemos que o que fomos nunca irá voltar, nem deve em momento algum, tentar que seja recriado, porque, por mais que tentemos será sempre diferente, sempre pior, sempre melhor, sempre o que não foi nem poderia ter sido. As memórias, para mim, só servem para nos recordarmos que a magia já esteve em nós, porque fizemos para que isso acontecesse e, por isso, ela voltará sempre. Sempre que no quotidiano sorrirmos enquanto ouvirmos aquela música, suspirarmos ao passar por aquele local, brindarmos aos tempos passados, não com vontade de os recriar, mas sim de criar outros, com outra magia, com outras pessoas, mas sempre com o mesmo brilho, a mesma vontade e a mesma esperança.
Recordar é viver se recordarmos para não deixar morrer os momentos e não para tentar que nasçam momentos iguais aos passados.

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